Associação Brasileira de Patologia do Trato Genital Inferior e Colposcopia
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Ânus – Sessão científica sobre rastreamento para neoplasia anal em mulheres: desafios e oportunidades

Resumo das atividades do EUROGIN 2003 por Dra Cíntia Parellada

Paris, Cité des Sciences et de L´Industrie 13-16 de abril de 2003

O Dr J. Palefsky (do UCSF, São Francisco, EUA) falou sobre a epidemiologia e patogênese da neoplasia intra-epitelial anal (NIA) na mulher. A incidência de câncer anal em mulheres é de 0,9/100.000, atingindo cifras de 7/100.000 em mulheres HIV positivas (Frisch et al 2000). O modelo de infecção e história natural do câncer anal associado ao HPV assemelha-se muito ao que ocorre no câncer cervical. No canal anal também existe uma área de união de diferentes epitélios como na cérvice – a junção anorretal – local de maior fragilidade cromossômica. Na sua opinião, todas as mulheres com condiloma perianal, com lesões vulvares, vaginais ou cervicais de alto grau e HIV positivas devem ser rastreadas com citologia anal.

O tema da Dra Isabelle Heard, do Hospital Eur. G. Pompidou de Paris, foi sobre mulheres e NIA – perspectivas do ginecologista. Como a cérvice, o ânus também possui uma zona de transformação e a junção anorretal ocorre 2 a 4 centímetros da borda anal. Deve-se diferenciar a displasia anal em duas categorias: área perianal e dentro do canal. Na área perianal pode-se dar importância a verrugas, áreas de despigmentação, prurido e sangramento. Já, na lesão dentro do canal anal, geralmente não existem queixas a não ser nos casos invasivos (presença de sangue no papel higiênico, toalha ou movimento intestinal e dor). As fases do exame incluem: inspeção, exame digital, esfregaço anal e anuscopia.

Quem deveria ser rastreada para neoplasia intra-epitelial anal? (NIA)

Mulheres com displasia genital

19% das em mulheres que apresentam NIC de alto grau tem NIA

57% das mulheres com tem neoplasia intra-epitelial genital múltipla possuem NIA (Scholefield 1992)

47% das mulheres com câncer invasivo possuem NIA (Ogunbiyi et al 1994)

Mulheres HIV positivas

26% tem citologia anal anormal (Holly et al 2001)

O tratamento da displasia anal de baixo grau pode ser realizado apenas com seguimento e a displasia moderada e severa devem ser tratadas com métodos citodestrutivos (crioterapia, ATA, excisão).

Em seguida, Teresa Darragh (EUA), comentou sobre os métodos diagnósticos e terapêuticos para NIA. Para realização do esfregaço anal deve-se utilizar um swab úmido ou escovinha citológica, inserir 5 a 6 cm da borda anal, pressionar e rotacionar contra as paredes do reto enquanto remove a amostra. Sugere-se a coleta em posição lateral. A leitura é realizada como o esfregaço de Papanicolaou e o laudo pode ser fornecido pelo Sistema de Bethesda. Os componentes normais da zona de transformação anal são células colunares retais e metaplasia escamosa. Na anuscopia é utilizado ácido acético à 3% e a aparência das lesões anais são similares as cervicais. A biópsia não requer anestesia. Quanto ao tratamento das lesões de localização intra-anal, as neoplasias de baixo grau devem ser seguidas e as de alto grau requerem tratamento (ATA, crioterapia e/ou excisão). Na terapia das lesões perianais, pode-se optar por terapias aplicadas pelo próprio paciente como Imiquimode (3 vezes por semana por até 16 semanas) ou procedimentos realizados pelo médico (crioterapia, ATA e eletrocirurgia).