Associação Brasileira de Patologia do Trato Genital Inferior e Colposcopia
Associação Brasileira de Patologia do Trato Genital Inferior e Colposcopia

Aspectos sócio-demográficos, colposcópicos, citológicos e anátomo-patológicos de mulheres indígenas do estado do Pará (Brasil)

Mendes, ECS. Aspectos sócio-demográficos, colposcópicos, citológicos e anátomo-patológicos de mulheres indígenas do estado do Pará (Brasil). São Paulo, 2000. Dissertação (mestrado)– Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo.

Nesta pesquisa procurou-se averiguar os aspectos sócio-demográficos e a incidência do câncer do colo uterino e suas lesões precursoras em mulheres indígenas do Estado do Pará. Estudaram-se 424 mulheres e incluíram-se as que já haviam iniciado vida sexual. Do protocolo compreendia um questionário sobre os hábitos culturais, anamnese e exame ginecológico complementados por colposcopia, colpocitologia e por estudo histopatológico quando indicado. Os resultados encontrados quando aos aspectos sócios-demograficos não diferiram dos assinalados na literatura mundial: são mulheres carentes em assistência à saúde, apresentam coitarca e paridade precoce (antes dos 15 anos de idade), multiparidade e múltiplos parceiros sexuais. Os resultados da incidência do câncer do colo uterino e suas lesões precursoras foram estatisticamente superiores aos referidos na literatura. A colposcopia revelou 23,35% de achados colposcópicos anormais com predominância em faixa etárias mais jovens, entre os 16 e 35 anos. Na colpocitologia o resultado predominante foi de esfregaço inflamatório (86,08%), também entre os 16 e 35 anos de idade, seguidos de lesão intra-epitelial de Alto grau com 3,30% entre os 16 e 35 anos, lesão intra-epitelial de baixo grau os 16 e 45 anos e, carcinoma invasor com 1,18% na faixa etária dos 46 aos 65. Das 68 biópsias realizadas, 4,41% desvelaram carcinoma, 19,12% lesão intra-epitelial de alto grau, 14,71% lesão intra-epitelial de baixo grau de 61,76% não se relacionaram com malignidade. Considerou-se elevada a incidência de câncer e lesões precursoras levando-nos a concluir que, esta população, tida até então como isolada, vem sofrendo transformações sócio-culturais lesivas para a qualidade de vida, e que se algum programa de atenção a saúde não for implantado em curto espaço de tempo, podem desaparecer como grupo étnico.