Associação Brasileira de Patologia do Trato Genital Inferior e Colposcopia
Associação Brasileira de Patologia do Trato Genital Inferior e Colposcopia

Células glandulares atípicas do colo uterino : significado clínico e propedêutica

Cíntia Irene Parellada

Orientador: Prof. Dr. Paulo Levy Schivartche

PARELLADA, CI. Células glandulares atípicas do colo uterino : significado clínico e propedêutica. São Paulo, 2001. 90p. Tese (doutorado) – Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo.

Estudou-se o significado clínico das células glandulares atípicas presentes na colpocitologia oncológica, determinando a origem epitelial, localização e natureza das lesões que as originam. No período de janeiro de 1996 a janeiro de 2001, do total de 8.807 mulheres atendidas no Setor de Patologia do Trato Genital Inferior e Colposcopia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, 57 apresentavam colpocitologia oncológica com células glandulares atípicas (0,65%). Destas, 42 foram avaliadas através de propedêutica padronizada que consistia de colposcopia ecto e endocervical, histeroscopia panorâmica do canal endocervical e cavidade uterina, esfregaço endocervical, conização propedêutica, histerectomia e seguimento clínico por 12 meses. Todas as citologias foram revisadas e classificadas de acordo com o Sistema de Bethesda atualizado em 2001, tentando-se relacionar os qualificadores descritivos citológicos com o diagnóstico final. A média etária foi de 48,9 anos, variando de 21 a 79. Verificou-se que a lesão pode ter origem epitelial tanto escamosa quanto glandular. Em relação à topografia da lesão, a mesma esteve restrita à cérvice nas mulheres com idade inferior a 40 anos, podendo ocorrer tanto na cérvice como no corpo uterino em mulheres acima desta idade. Lesão clinicamente significativa da cérvice e endométrio, ou seja, patologia pré-invasiva e invasiva, esteve presente em 59,5% das mulheres. A maioria dessas lesões foi diagnosticada durante investigação inicial com colposcopia e histeroscopia, porém alguns diagnósticos só foram possíveis após conização ou histerectomia. Qualificadores descritivos citológicos não conseguiram predizer a origem epitelial, localização e natureza da lesão. Conclui-se que, na avaliação das mulheres com células glandulares atípicas na colpocitologia oncológica, é imprescindível a avaliação colposcópica em todas as mulheres, além do estudo da cavidade uterina em mulheres com idade igual ou superior a 40 anos.