Associação Brasileira de Patologia do Trato Genital Inferior e Colposcopia
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Prevalência de HPV em parceiros de mulheres com e sem neoplasia intra-epitelial cervical (NIC)

Charles Rosenblatt

ROSENBLATT,C. Prevalência de HPV em parceiros de mulheres com e sem neoplasia intra-epitelial cervical (NIC). São Paulo,2001. Tese (Doutorado) – Faculdade de Medicina – Universidade de São Paulo.

Objetivos: Verificar os dados epidemiológicos das mulheres com e sem neoplasia intra-epitelial cervical. Verificar a incidência de peniscopia positiva, de coilocitose e de DNA de Papilomavírus humano (HPV) em raspado e biópsia penianos nos parceiros de mulheres com e sem neoplasia intra-epitelial cervical. CASUÍSTICA E MÉTODO Foram avaliados prospectivamente parceiros de 30 mulheres com NIC de vários gráus e de 60 mulheres sem NIC. A pesquisa de HPV nos homens foi feita mediante coleta de material através de raspado peniano para Captura Híbrida de vírus de HPV, seguida de peniscopia e bióspia das lesões acetobrancas. O fragmento obtido foi dividido em 2 partes simétricas sendo enviado uma delas para Captura Híbrida de HPV e a outra para exame anatomopatológico. Resultados: Os dados epidemiológicos mostraram que não há diferença estatisticamente significativa entre idade, cor, tabagismo, antecedentes de doenças sexualmente transmissíveis e tempo de relacionamento com o presente parceiro. O número de parceiros foi maior (p=0,04) e o início da atividade sexual foi mais precoce nas mulheres com NIC (p<0,005). Encontramos 13% e 10% de incidência de DNA de HPV no raspado peniano de parceiros de mulheres com NIC e sem NIC, respectivamente, sem diferença estatísticamente significativa (p=0,44). A incidência de peniscopia positiva em parceiros das mulheres com NIC (17%) e sem NIC (15%), não mostra diferença estatisticamente significativa (p=0,53). A incidência de DNA de HPV nas biópsias das lesões encontradas na peniscopia foi de 40% nos parceiros das mulheres com NIC e de 22% nos parceiros da mulheres sem NIC, sem diferença estatisticamente significativa (p=0,45). Nos 90 parceiros estudados, 16% tinham peniscopia positiva e apenas 29% destes tinham DNA de HPV na biópsia. A incidência de DNA de HPV na biópsia das lesões em parceiros com coilocitose, das mulheres com NIC (60%) e sem NIC (40% ), não mostra diferença estatisticamente significativa (p=0,50). A incidência de DNA de HPV no raspado peniano em parceiros com coilocitose foi de 20% nos parceiros das mulheres com NIC e sem NIC, sem diferença estatisticamente significativa (p=0,78). Dos 90 parceiros estudados, 10 tinham coilocitose e destes, 60%(6) tinham DNA de HPV na biópsia ou no raspado peniano. A incidência de coilocitose em parceiros com peniscopia positiva foi de 100% nos parceiros das mulheres com NIC e de 56% nos parceiros das mulheres sem NIC, sem diferença estatisticamente significativa (p=0,13). Dos 90 pacientes estudados, 14 tinham peniscopia positiva e destes, 71% tinham coilocitose. Encontraram-se 12% e 10% de incidência de DNA de HPV no raspado de parceiros com peniscopia negativa das mulheres com e sem NIC, respectivamente, não sendo verificada diferença significativa (p=0,53). Conclusão - As mulheres com NIC iniciam a atividade sexual mais precocemente e tiveram maior número de parceiros que as mulheres sem NIC. Não foram observadas diferenças estatisticamente significativa entre idade, cor, tabagismo, tempo de relacionamento com o presente parceiro e antecedentes de doenças sexualmente transmissíveis. Não foram observadas diferenças estatisticamente significativa na incidência de peniscopia positiva, coilocitose, DNA de HPV no raspado peniano bem como de DNA de HPV na biópsia peniana da área aceto-branca nos parceiros de mulheres com e sem NIC. Se estes resultados forem confirmados por outros autores, não se justifica a realização de peniscopia, biópsia peniana e pesquisa de DNA de HPV em parceiros de mulheres com NIC, sem lesões clínicas.