Associação Brasileira de Patologia do Trato Genital Inferior e Colposcopia
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HIV – Incidência das lesões intra-epiteliais escamosas cervicais em mulheres infectadas pelo HIV

Ellerbrock, T.V.; Chiasson, M.A.; Bush, T.J.; Sun, X.; Sawo, D.; Brudney, K.; Wright, T.C. JAMA 2000, 283:1031-1037.

Contexto: Mulheres infectadas pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) estão sob maior risco de lesões intra-epiteliais escamosas cervicais (LIEs), os precursores do câncer do colo uterino. Entretanto, pouco é conhecido sobre as causas desta associação.

Objetivos: Comparar a incidência de LIEs em mulheres com HIV versus mulheres não infectadas e para determinar o papel dos fatores de risco na patogênese destas lesões.

Projeto : Estudo coorte prospectivo conduzido de 1 de outubro de 1991 a junho de 1996.

Participantes: Um total de 328 mulheres infectados pelo HIV e 325 mulheres não infectadas e sem evidência de LIEs pelo esfregaço de Papanicolaou ou colposcopia entraram no estudo.

Resultados: Durante 30 meses de seguimento, 67 (20%) das HIV infectadas e 16 (5%) das mulheres não infectadas desenvolveram uma LIE (incidência de 8.3 e 1.8 casos por 100 muheres-ano em, respectivamente, mulheres infectadas e não infectadas P<0.001). Destas LIEs, 91% foram de baixo grau em mulheres HIV infectadas versus 75% em mulheres não infectadas. Nenhum caso de câncer invasivo foi detectado. Pós análise multivariável, fatores de risco significativos para LIEs incidentes foram infecção por HIV (risco relativo 3.2; 95% de intervalo de confidência, 1.7-6.1), detecção transitória de DNA de HPV (RR, 5.5% CI, 1.4-21.9), DNA de HPV persistente de outros tipos de HPV do que 16 e 18 (RR, 7.6; 95% CI, 1.9- 30.3), DNA de HPV persistente tipo 16 e 18 (RR, 11.6; 95% CI, 2.7-50.7), e idade mais jovem (< 37.5 anos; RR, 2.1; 95%CI, 1.3-3.4). Conclusões: Neste estudo, 1 em 5 mulheres infectadas pelo HIV sem evidência de doença cervical desenvolveram LIE confirmada pela biópsia dentro de 3 anos, enfatizando a importância de programas de rastreamento de câncer cervical nesta população.