Associação Brasileira de Patologia do Trato Genital Inferior e Colposcopia
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HPV – Perguntas Frequentes

O que é o HPV?
O HPV (papilomavírus humano) é um vírus que infecta o ser humano e que pertence a uma grande família. Até o momento, já foram identificados mais de 120 diferentes tipos.

Este vírus, após o contágio, pode permanecer “adormecido” (sem causar lesões), provocar o aparecimento de verrugas (mãos, pés, genitais ou outras localizações) ou induzir o desenvolvimento de câncer.

Qual a diferença entre verrugas genitais e outros tipos de verrugas que aparecem em outras partes do corpo?
Nem todas as lesões de pele são verrugas, mas muitas delas têm em comum o mesmo fator desencadente: o HPV. Enquanto alguns tipos de HPV se desenvolvem melhor em determinadas áreas do corpo como mãos ou pés, outros têm preferência pela área genital. A verruga genital costuma se desenvolver na vulva, vagina, colo do útero, pênis e região próxima ao ânus.

As verrugas genitais se assemelham às verrugas de outras partes do corpo, e assim como estas geralmente são assintomáticas. Podem ser únicas ou múltiplas, pequenas ou grandes, cor da pele, róseas ou acastanhadas. Se não tratadas, podem crescer em tamanho e número, adquirindo aspecto semelhante ao da “couve-flor”.

Vulgarmente, as verrugas genitais são conhecidas como “crista de galo”; os médicos as chamam de condiloma acuminado. Apesar dos vários nomes, todos se referem a mesma lesão.

A infecção genital por HPV na população em geral é comum?
O HPV é considerado a principal doença sexualmente transmissível (DST) de etiologia viral. Estima-se que de 50 a 75% dos homens e mulheres sexualmente ativos entrem em contato com um ou mais tipos de HPV em algum momento de suas vidas.

Como ocorre a infecção pelo HPV?
O principal meio de transmissão do HPV é através de contato sexual com pessoas infectadas. Entretanto, a possibilidade de contaminação através de objetos como toalhas, roupas íntimas, vasos sanitários ou banheiras não pode ser descartada.

O que ocorre quando um indivíduo é infectado pelo HPV?
De forma geral, o organismo pode reagir de três maneiras:

1- A maioria dos indivíduos (>90%) consegue eliminar o vírus naturalmente em cerca de 18 meses, sem que ocorra nenhuma manisfetação clínica.

2- Em um pequeno número de casos, o vírus pode se multiplicar e então provocar o aparecimento de lesões, como as verrugas genitais (visíveis a olho nu) ou “lesões microscópicas” que só são visíveis através de aparelhos com lente de aumento. Tecnicamente, a lesão “microscópica” é chamada de lesão subclínica.

Sabe-se que a verruga genital é altamente contagiosa e que a infecção subclínica tem menor poder de transmissão, porém esta particularidade ainda continua sendo muito estudada.

3- O vírus pode permanecer “adormecido” (latente) dentro da célula por vários anos, sem causar nenhuma manisfetação clínica e/ou subclínica. A diminuição da resistência do organismo pode desencadear a multiplicação do HPV e, conseqüentemente, provocar o aparecimento de lesões clínicas e/ou subclínicas.

Quanto tempo após ser infectado surgem as verrugas genitais?
A incubação, ou seja, o período necessário para surgirem as primeiras manifestações da infecção pelo HPV é de aproximadamente 2 a 8 meses, mas pode demorar até 20 anos! Assim, devido a esta ampla variabilidade para que apareça uma lesão, torna-se praticamente impossível determinar em que época e de que forma um indivíduo foi infectado pelo HPV.

Qual a relação entre o HPV, verrugas genitais e o câncer?
Os tipos de HPV relacionados ao câncer do colo do útero normalmente não são os tipos que causam as verrugas genitais; estas últimas costumam ser causadas por tipos de “baixo risco”.

Um pequeno número de tipos de HPV chamados de “alto risco” estão relacionados ao desenvolvimento de câncer do colo do útero, vagina, vulva, pênis e ânus. Todos estes cânceres possuem tratamento e podem ser detectados precocemente através de exames simples e periódicos, ou seja, em consulta médica de rotina.

O curso da infecção pelo HPV é igual para o homem e a mulher?
Tanto o homem como a mulher que estão infectados pelo HPV e que não possuem verrugas visíveis, na maioria das vezes desconhecem que são portadores do HPV, e que podem transmitir o vírus aos seus parceiros sexuais.

No entanto, a evolução, a manifestação e o tratamento são diferentes no homem e na mulher. Isto se deve, principalmente, às diferenças anatômicas e hormonais existentes entre os sexos. Na mulher existe um ambiente mais favorável para o desenvimento e multiplicação do HPV, podendo ocorrer complicações mais sérias, como lesões, que se não tratadas podem evoluir para câncer.

Qual a complicação mais grave na mulher?
O câncer do colo do útero está altamente relacionado ao HPV. No entanto, apenas a infecção pelo HPV não é capaz de provocar este câncer. Esta possibilidade está na dependência de alguns fatores como tipo de HPV, resistência do organismo e genética da pessoa. Menos de 1% das mulheres infectadas pelo HPV desenvolverão câncer do colo do útero. Deve-se ter em mente que este tipo de câncer ou lesões que o antecedem (pré-câncer) podem ser detectados em praticamente 100% dos casos, através de exames preventivos muito simples e aos quais todas podem ter acesso: o Papanicolaou e a Colposcopia (aparelho com lentes de aumento para ver lesões muito pequenas).

Em condições normais, o tempo de evolução entre o contato com o HPV e o desenvolvimento do câncer do colo do útero dura em média 10 anos. Assim, a probabilidade de uma mulher que realiza exame ginecológico preventivo regularmente ter câncer do colo do útero é extremamente pequena. O tratamento das lesões que antecedem o câncer é simples e efetivo, e o mais importante é que ele impede o desenvolvimento para câncer. Na maioria das vezes é realizado com pequena cirurgia que conserva o corpo do útero, permitindo futuras gestações.

É possível que indivíduos que não tenham relações sexuais há vários anos possam vir a desenvolver verrugas genitais?
Sim. O contato com o vírus HPV pode ter ocorrido há vários anos e este permaneceu “adormecido” (estado latente). A diminuição da resistência do organismo pode desencadear a multiplicação do HPV e, conseqüentemente, provocar o aparecimento de lesões clínicas e/ou subclínicas.

Como as verrugas genitais são diagnosticadas?
Conforme a localização das lesões, pode ser difícil verificar a presença de verrugas genitais apenas pelo auto-exame. Nem sempre é possível notar a diferença entre uma verruga e outros tipos de lesões de pele. Desta forma, sempre que houver suspeita de infecção pelo HPV, é altamente recomendável procurar o médico. Este profissional poderá não só orientar e tratar, como também realizar exames apropriados, caso sejam necessários. De forma geral, o diagnóstico das verrugas genitais pode ser realizado durante uma simples consulta. Entretanto, o diagnóstico da infecção subclínica requer exames com aparelhos com lente de aumento (colposcópio ou lupa). A infecção latente só pode ser diagnosticada através de testes laboratoriais sofisticados, que têm indicação restrita a casos específicos.

O que se deve saber sobre HPV, verrugas genitais e gestação?
Devido às alterações hormonais que ocorrem durante a gestação, as verrugas podem aumentar em tamanho e número. Somente se as lesões forem muito grandes a ponto de interferir na passagem do bebê pelo canal de parto, é que a cesareana poderá ser indicada. Caso contrário, lesões pequenas, microscópicas ou latentes não contra-indicam o parto vaginal.

Quanto aos bêbes de mães que possuem verrugas genitais, na grande maioria estes nascem saudáveis, existindo risco mínimo de desenvolverem verrugas no futuro.

É muito importante que a gestante informe ao seu médico, durante o pré-natal, se ela ou seu parceiro sexual já tiveram ou têm HPV.

É normal se sentir decepcionado/deprimido após receber o diagnóstico de infecção pelo HPV ou verrugas genitais?
Sim, muitas pessoas se sentem decepcionadas. Podem ocorrer sentimentos de vergonha, diminuição do desejo sexual, medo de ter câncer, revolta contra os parceiros sexuais, mesmo que normalmente não seja possível saber exatamente em que época ou de que forma ocorreu o contágio pelo vírus do HPV.

Como se faz a prevenção de doenças sexualmente transmissíveis (DST), inclusive o HPV?
Alguns cuidados são fundamentais na prevenção de qualquer DST como a infecção por HPV ou verrugas genitais:

1. Reduzir o número de parceiros sexuais. Quanto maior o número de parceiros, maior o risco de contrair/transmitir qualquer DSTs, inclusive o HPV e o vírus da AIDS.
2. Uso consistente e correto de preservativos (masculinos ou femininos), para todos os parceiros sexuais, desde o início até o fim da relação sexual. O uso de preservativos reduz muito a probabilidade de se adquirir / transmitir uma DST, inclusive o HPV e o vírus da AIDS. Qualquer DST funciona como fator facilitador na aquisição e transmissão do vírus da AIDS (HIV).
3. Se houver suspeita de que o parceiro sexual tenha qualquer DST é altamente recomendável consultar o médico. Até que isto seja feito, também é recomendável abster-se das relações sexuais com este parceiro, até que o tratamento seja realizado, se for o caso.
4. Não se auto-medicar, pois desta forma a DST pode ser “mascarada”, ou seja, parece que foi tratada mas continua ativa.
5. Não compartilhar objetos de uso íntimo com outras pessoas e fazer higiene de objetos de uso comum antes do uso (exemplo: vaso sanitário).

“O USO DE PRESERVATIVOS É O MÉTODO MAIS EFICAZ PARA REDUÇÃO DO RISCO DE TRANSMISSÃO DO VÍRUS DA AIDS (HIV) E DE OUTROS AGENTES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS, INCLUSIVE O HPV”

Como se tratam as verrugas genitais?
O objetivo do tratamento deve ser a remoção das verrugas visíveis e eliminação dos sintomas indesejáveis. As recidivas são relativamente freqüentes pois mesmo destruindo a verruga não se consegue eliminar totalmente os vírus existentes na área genital. Como em qualquer doença viral, o sucesso do tratamento depende, em grande parte, da resistência específica de cada indivíduo. Assim, medidas gerais são também importantes para ajudar a melhorar os mecanismos de defesa como: diminuir o estresse, parar de fumar, alimentação equilibrada e horas de sono adequadas.

Existem várias opções de tratamento. Os fatores que podem influenciar na escolha do tratamento são: localização, tamanho e número de verrugas, alterações nas verrugas, preferências do paciente, custo do tratamento, conveniência, efeitos adversos e experiência do profissional. Hoje em dia, existem tratamentos que são feitos pelo médico e outros que podem ser aplicados pelo próprio paciente. O paciente deve consultar seu médico para saber qual tratamento é mais adequado e nunca deve se auto-medicar.

Alguns especialistas sugerem evitar contato sexual durante o tratamento para proteger a área tratada de fricções e ajudá-la a cicatrizar mais rapidamente.

Também se trata infecção subclínica e latente por HPV?
Até o momento não existem tratamentos para infecção latente por HPV; na maioria dos casos o próprio organismo se encarrega de eliminar o vírus.
Só existe indicação para tratamento na infecção subclínica quando há sintomas como coceira ou quando existe associação a lesões precursoras do câncer.

Quais são os sintomas do câncer do colo do útero?
Não apresenta sintomas até atingir nível mais avançado, a partir daí existe corrimento avermelhado com consistência aquosa e sangramento durante relação sexual.

Qual é a relação entre HPV e câncer do colo do útero?
O HPV é o responsável pelo câncer do colo do útero, podemos dizer que praticamente 100% dos cânceres do colo do útero contêm HPV.

Então se tenho HPV necessariamente irei desenvolver câncer do colo do útero?
Isto não é verdade, a maioria da população sexualmente ativa (cerca de 75%) entre em contato com o HPV e elimina espontaneamente o vírus do organismo sem mesmo desenvolver qualquer doença. Outros terão uma infecção transitória com duração média de 12 a 18 meses e menos de 1% corre o risco de ter câncer do colo do útero.

Além do HPV, são necessários outros co-fatores para, por exemplo, predisposição genética, fumo, alimentação inadequada e estresse. A infecção pelo HPV não se transforma em câncer do colo do útero de um dia para outro, por isso não existe motivo para desespero e angústia. Quando o HPV causa lesão no colo do útero, esta lesão passa por três etapas antes de se transformar em câncer. Os médicos costumam chamar estas etapas de neoplasia intra-epitelial cervical (NIC) grau 1, 2 e 3. O tratamento nestas etapas cura completamente a doença e impede a progressão para câncer, além de não interferir na capacidade de ter filhos da mulher.

Quais são os sintomas da infecção pelo HPV ou da NIC (neoplasia intra-epitelial cervical)?
A infecção pelo HPV ou NIC geralmente não apresenta sintomas, algumas pessoas desenvolvem verrugas genitais e outras lesões na vulva, vagina, colo do útero e ânus que se não tratadas podem evoluir para câncer do colo do útero. Estas lesões são diagnosticadas pelo Papanicolaou e através de exames chamados colposcopia, vulvoscopia e anuscopia.

Se as verrugas genitais não forem tratadas, podem evoluir para câncer do colo do útero?
O papilomavírus humano (HPV) pertence a uma ampla família de vírus e mais de 45 tipos diferentes podem infectar a pele dos órgãos genitais. Quase todos os tipos foram muito bem estudados e hoje se sabe que o grupo de HPV que causa lesão pré-cancerígena ou cancerígena (chamado grupo de alto risco oncogênico) não é o mesmo que geralmente causa as verrugas genitais (chamado de grupo de baixo risco oncogênico). Em 90-95% dos casos, as verrugas genitais são causadas por HPV do grupo de baixo risco. Entretanto, não se deve postergar o tratamento das verrugas genitais, não apenas pelo aspecto estético desagradável , mas também pelo risco de crescimento em extensão e tamanho das lesões e alta contagiosidade (transmissão para parceiros).

Como posso prevenir o câncer do colo do útero?
Realizando Papanicolaou e colposcopia anualmente. O Papanicolaou detecta a presença de lesões em até 80% das vezes que ela está presente. Se houver associação do Papanicolaou com a colposcopia a detecção da lesão ocorrerá em praticamente 100% das vezes.

O que é Papanicolaou?
Também chamado pelos médicos de esfregaço cérvico-vaginal. O colo do útero é raspado com uma espátula e o material coletado (células) é colocado em uma lâmina de vidro. Este material recebe uma preparação especial e é lido por um médico citologista.

O laudo citológico pode ser fornecido utilizando várias nomenclaturas, veja o significado:

Classificação Interpretação Orientação
Papanicolaou Sistema de Bethesda
Classe I Negativo para células neoplásicas ou negativo para malignidade NORMAL Repetir exame em 1 ano ou conforme orientação de seu médico
Classe II Inflamatório NORMAL, pode ter sido colhido na 2° fase do ciclo ou pode existir alguma inflamação tipo corrimento Repetir exame em 1 ano ou conforme orientação de seu médico e tratar inflamação se necessário.
Atipia celular escamosa ASCUS Leve suspeita de alteração Necessário realizar colposcopia e se necessário biópsia dirigida. O tratamento será definido conforme o resultado da biópsia.
Atipia celular glandular AGUS – células glandulares atípicas Suspeita de alteração Necessário realizar colposcopia e se necessário biópsia dirigida. O tratamento será definido conforme o resultado da biópsia. Se a mulher não menstruar mais, é necessário investigação do revestimento de dentro do útero (endométrio).
Classe III LSIL – lesão intra-epitelial de baixo grau ALTERADO Necessário realizar colposcopia e se necessário biópsia dirigida. O tratamento será definido conforme o resultado da biópsia.
HSIL – lesão intra-epitelial de alto grau ALTERADO Necessário realizar colposcopia e se necessário biópsia dirigida. O tratamento será definido conforme o resultado da biópsia.
Classe IV HSIL – lesão de alto grau ALTERADO Necessário realizar colposcopia e se necessário biópsia dirigida. O tratamento será definido conforme o resultado da biópsia.
Classe V Suspeita de câncer ALTERADO Necessário realizar colposcopia e se necessário biópsia dirigida. O tratamento será definido conforme o resultado da biópsia.

O que é Colposcopia?
É um aparelho de aumento que permite identificar com precisão o local e a extensão da doença. Além de mostrar o local mais adequado para realizar a biópsia, permite guiar o tratamento através de cirurgia.

Qual é o melhor exame o Papanicolaou ou a Colposcopia?
Os dois exames são complementares, eles não competem entre si. O Papanicolaou é um método de screening ou rastreamento, identifica a alteração, porém não diz onde ela está (em outras palavras, e como o telefone fixo que toca, mas não consegue identificar a chamada). A colposcopia é mais precisa, ela localiza a lesão (é como se fosse um bina de telefone, identificando o local da chamada).

O que são métodos de biologia molecular (captura híbrida, hibridização molecular)?
São métodos que pesquisam se existe material genético do HPV dentro das células do organismo humano. A positividade destes testes quer dizer que o organismo entrou em contato com o HPV, mas não consegue predizer quem irá desenvolver lesões. A captura híbrida é o teste mais utilizado na prática clínica e permite identificar dois grupos de vírus (de baixo e alto risco oncogênico) e a carga viral.

Existe tratamento para quem tem infecção pelo HPV, mas não tem lesões identificadas no Papanicolaou e na Colposcopia?
O médico apenas trata a doença causada pelo HPV como as verrugas genitais e lesões na vagina e colo do útero. A infecção pelo HPV diagnosticada por métodos de biologia molecular e sem lesões no Papanicolaou e Colposcopia, não precisa ser tratada e se chama infecção latente pelo HPV (em outras palavras poderíamos chamar que o vírus “adormece” dentro da célula não existindo replicação viral). Quem combate verdadeiramente o vírus é o sistema imune do indivíduo infectado. Em condições habituais, o HPV demora em média cerca de 12 meses (de 8 meses a 24 meses) para ser eliminado do organismo. Na infecção latente, não existe risco de passar o vírus para outras pessoas.

Mesmo após realizar tratamento das lesões induzidas pelo HPV (verrugas genitais e lesões do colo, vagina e vulva), os testes de biologia molecular continuam positivos?
Mesmo após a “cura” das lesões que o médico tratou, os testes de biologia molecular (hibridização molecular e captura híbrida) ainda ficaram positivos até o organismo eliminar totalmente o vírus, o que demora de 8 a 24 meses. Por isso não adianta ficar ansiosa e realizar exames muito freqüentes, recomendam-se exames semestrais/anuais para controle após cura da doença clínica (verrugas genitais e lesões na vagina e colo do útero).

Quem tem infecção pelo HPV pode engravidar?
A infecção genital por HPV por si só não contra-indica uma gravidez, se existirem lesões induzidas pelo HPV (tanto verrugas genitais como lesões em vagina e colo) o ideal é tratar primeiro e depois engravidar. Se ocorrer a gravidez na presença destas lesões não existe maiores problemas, porém as verrugas podem se tornar maiores em tamanho e quantidade devido ao estímulo hormonal característico da gestação e existir maiores dificuldades no tratamento.

Existe a possibilidade do HPV ser transmitido para o feto ou recém-nascido e causar verrugas na laringe do recém-nascido e/ou verrugas na genitália. O risco parece ser maior nos casos de lesões como as verrugas genitais, mesmo nestes casos o risco de ocorrer este tipo de transmissão é baixo.

Quem tem infecção pelo HPV, verrugas genitais ou NIC, pode amamentar?
Para que ocorra a transmissão do HPV são necessários o contato pele-a-pele e algum tipo de ferida para que o vírus penetre na pele (a situação ideal é a relação sexual, além do contato pele-a-pele, existe a fricção do pênis na vagina que acaba fazendo microtraumatismos – imperceptíveis a olho nu – que permitem a entrada do vírus na pele). Assim, se os seios da mãe não tem nenhuma lesão por HPV não existe nenhum risco de transmissão do HPV durante o aleitamento materno.

Quem tem neoplasia intra-epitelial cervical (NIC) poderá preservar o útero e ter filhos no futuro?
Hoje, existe uma técnica cirúrgica, chamada de cirurgia de alta freqüência, que é realizada com ajuda do colposcópio e retira apenas a lesão, preservando o tecido do útero sadio. Assim, a capacidade de engravidar não fica comprometida.

Qual é o melhor tratamento pra neoplasia intra-epitelial cervical (NIC) grau 1?
Tudo dependerá do tamanho da lesão identificada através da colposcopia. Alguns casos necessitarão cauterização, outros apenas controle semestral com citologia e colposcopia, e outros pequena cirurgia local.

Qual é o melhor tratamento pra neoplasia intra-epitelial cervical (NIC) grau 2 e 3?
Também depende do tamanho da lesão. A grande maioria das mulheres se beneficiará da técnica de cirurgia de alta freqüência, onde se preserva o tecido sadio do útero, permitindo futuras gestações.

Existe alguma novidade no tratamento da NIC grau 2 e 3?
Os estudos continuam avançando, existem vacinas sendo testadas em cobaias animais. O tratamento mais moderno é cirurgia de alta freqüência guiada pela colposcopia.

O que é ferida do colo do útero?
É um termo leigo, e não dizer realmente que existe uma ferida. É uma situação muito comum em mulheres jovens e após o parto, e esta associada a picos hormonais. Os médicos chamam esta situação de ectopia. Alguns médicos recomendam cauterizar, outros apenas fazem controles. Se existir corrimento tipo claro de ovo ou corrimento de repetição é aconselhável realizar a cauterização.

O HPV pode causar câncer de boca?
A maioria dos casos de câncer de boca é causada pelo fumo e consumo de bebidas em grandes quantidades. Recentemente, pesquisadores americanos revelaram que alguns casos de câncer de boca podem estar relacionados ao HPV 16, o mesmo tipo que causa o câncer do colo do útero, sendo o vírus transmitido através do sexo oral. Mas, as pessoas não devem entrar em pânico com esta descoberta, pois o câncer na boca é raro e ter realizado sexo oral com parceiro infectado pelo HPV não quer dizer que irá se desenvolver câncer. Para que isto ocorra devem existir vários fatores associados além da infecção pelo HPV, como fumo, consumo de bebidas alcoólicas e predisposição genética.

 

Autora: Dra. Cíntia Parellada (parellada@uol.com.br)
Médica colaboradora do Setor de Patologia do Trato Genital Inferior e Colposcopia do HC-FMUSP
Doutora em Medicina pela Faculdade de Medicina da USP
Membro da Sociedade de Patologia do Trato Genital Inferior e Colposcopia – Capítulo de São Paulo