Associação Brasileira de Patologia do Trato Genital Inferior e Colposcopia
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Estudo do programa de prevenção do câncer do colo do útero no município de Jaú – SP

Lenira Maria Queiroz Mauad

Orientador: Prof. Dr. Paulo Traiman

Mauad LMQ. Estudo do programa de prevenção do câncer do colo do útero no município de Jaú – SP. São Paulo, 2000. 77p. Dissertação (mestrado) – Faculdade de Medicina de Botucatu, Universidade Estadual Paulista.

Este estudo teve como objetivo avaliar os resultados de um programa de prevenção do câncer do colo do útero na cidade de Jaú, estado de São Paulo.

Foram utilizados recursos existentes na Rede Básica de Saúde do Município e o trabalho de voluntárias na divulgação; após três anos, avaliamos o impacto sobre a cobertura populacional da colpocitologia oncótica, e a viabilidade em nosso meio, do trabalho de paramédicos treinados e coordenados por um profissional médico. Foram ainda avaliados os fatores epidemiológicos relacionados ao carcinoma invasivo de colo uterino (CICU) nesta população e, através de uma análise estatística utilizando o teste do Qui-quadrado, sua relação com os exames alterados. Foram analisadas 16.876 citologias e 12.128 mulheres que foram submetidas ao exame a partir da primeira relação sexual. Não limitamos idade máxima para coleta; preconizamos intervalo anual entre os exames e garantimos a agilidade na entrega dos resultados e o atendimento e tratamento de todas as mulheres que apresentaram exames alterados; não houve perda de seguimento. 30% das mulheres da nossa amostra tinham entre 30 e 39 anos; 64% referiram a coitarca antes dos 19 anos; 30% referiram o primeiro parto antes dos 19 anos; em torno de 7% relataram mais de 4 parceiros sexuais; 21% são tabagistas;85% delas já havia se submetido ao exame colpocitológico anteriormente; 18% referiram uso atual de ACO. Foi utilizada a classificação de Papanicolaou modificada por Richart para a análise dos exames e foram encontrados em torno de 0,05% de exames inadequados; 4,5% classe I; 93% classe II; aproximadamente 2,5% dos exames estavam alterados sendo 1% NIC I, 0,2% NIC II, 0,9% NIC III e 0,01% (2 pacientes) classe V (sugestivos de CICU). Observamos um aumento de 150% na cobertura populacional do município (de 20,19% iniciais atingimos a marca de 50,07% em 98). Utilizando para análise estatística o teste do Qui-quadrado, observamos relação positiva entre os exames alterados e os principais fatores de risco: coitarca, número de parceiros e tabagismo. Concluímos que o programa foi eficaz nos moldes em que foi proposto, mas para atingir a meta preconizada pela OMS (85% da população com exames no mínimo bianuais), novos esforços deverão ser realizados principalmente com intensificação da busca ativa e da divulgação do programa, além de garantir a manutenção do mesmo indefinidamente. O impacto sobre a incidência do CICU deverá ser observada nesta população em estudos posteriores.