Dra. Carmen Regina N. de Carvalho
Publicações recentes têm sugerido tratamentos alternativos para neoplasia intraepitelial do colo uterino e/ou vagina graus 2 e 3.Entre eles há protocolos sobre o uso do imiquimode para tratamento de lesões persistentes induzidas pelo papilomavírus humano (HPV) tais como:
Pachman DR, Barton DL, Clayton AH et al. Am J Obstet Gynecol. 2012; 206(1):42.e1 – 42.e7.
Objetivos
A infecção HPV é o maior fator de risco para o câncer cervical. Imiquimode é uma medicação tópica que aumenta a resposta imunológica diante de verrugas genitais induzidas pelo HPV. Este estudo avalia a aplicação de imiquimode como um adjunto ao tratamento padrão para displasia cervical.
Desenho do Estudo
Cinquenta e seis pacientes foram randomizadas para o tratamento padrão excisional/ablativo (LEEP, LASER, crioterapia ou Conização) versus cinco aplicação de imiquimode (sachê contendo 50mg de imiquimode à 5%diluido em óleo em um creme a base de água) seguido pelo tratamento padrão. A finalidade primária foi a recidiva da displasia em dois anos.
Resultados
Não houve diferenças na volta da displasia entre os 2 grupos. O tratamento foi bem tolerado, com efeitos colaterais leves mas significantemente piores nas mulheres que receberam imiquimode tais como: tremores de frio, fadiga, febre, cefaleia, mialgia e corrimento vaginal.
Conclusões
Este trial não suporta a hipótese que o imiquimode como foi utilizado no trabalho, tenha impacto na recidiva da displasia cervical, mas a adequação dos achados são limitados pelo tamanho da amostra. O trial também apoia a praticalidade e aceitabilidade do uso de imiquimode na cervix.
Grimm C, Polterrauer S, Natter C et al. Obstet Gynecol . 2012; 120(1):152-9.
Objetivos
Alternativas à terapia cirúrgica são necessárias para tratamento da neoplasia intraepitelial cervical de alto grau (NIC 2-3). O trabalho avalia a eficácia do tratamento com imiquimode, modulador tópico de resposta imunológica, em pacientes com NIC 2-3.
Material e Métodos
Cinquenta e nove pacientes com NIC 2-3, não tratadas foram distribuídas ao acaso para tratamento de 16 semanas de auto aplicação de supositórios vaginais contendo imiquimode ou placebo. O resultado principal seria eficácia definida como regressão histológica à NIC 1 ou menos após o tratamento. O efeito secundário seria a regressão histológica completa com o desaparecimento do HPV e tolerabilidade. Assumindo lado a lado nível significância de 5% e poder de 80%, foi calculada uma amostra de 24 pacientes por grupo para detectar aumento absoluto de 35% na regressão de NIC 2-3.
Resultados
A regressão foi observada em 73% das pacientes no grupo imiquimode comparada com 39% no grupo placebo (p=0,009). Remissão histológica completa foi mais alta no grupo imiquimode (47%) quando comparada com grupo placebo (14%) (p=0,008). Basicamente todas as pacientes eram portadoras de HPV de alto risco. A taxas de clearence do HPV estavam aumentadas no grupo imiquimode (60%)comparadas com o grupo placebo (14%) (p<0,001). Em pacientes com infecção pelo HPV 16, a taxa de remissão completa foi de 47% no grupo imiquimode comparada com 0% do grupo placebo. Câncer imicroinvasivo foi observado em três das 59 pacientes (5%[1-14%]), todas no grupo placebo. O tratamento com imiquimode tópico foi bem tolerado, e nenhum efeito colateral de alto grau foi observado.
Conclusão
O tratamento imiquimode tópico é eficaz e factível para pacientes com NIC 2-3.
Albero et al. BMC Infectious Diseases 2014, 14:75
http://www.biomedcentral.com/1471-2334/14/75
Introdução
A maioria dos homens e mulheres entrarão em contato com HPV em algum ponto de sua vidas. A história natural da infecção por HPV está muita bem estudada e muito bem descrita no colo da mulher. Um estudo recente randomizado realizado em Uganda mostrou que homens circuncisados apresentam incidência reduzida de infecção por HPV e aumento do clearence da mesma no sulco coronal. O objetivo desse estudo é avaliar o papel da circuncisão na historia natural da infecção por HPV em homens saudáveis numa coorte multinacional de homens saudáveis.
Métodos
Entre 2005 e 2009 homens entre 17-80 anos sem diagnóstico prévio de verrugas e câncer anal , não vacinados e sem sintomas de outras DST foram incluídos no estudo. Foi realizada a coleta de material para DNA no sulco coronal, glande, corpo do pênis e escroto.
Resultados e Discussão
4.033 amostras foram incluídas. A duração média do acompanhamento foi de 17.5 meses. Mais de 60% dos pacientes estiveram presentes em mais de quatro visitas. Os homens circuncisados eram mais jovens e a maioria residia nos EUA. A circuncisão não foi associada com a diminuição global da incidência da infecção pelo HPV. Não houve também diferenças no tempo de clearence da infecção. Encontrou-se, entanto, diferenças em relação a alguns tipos. Os tipos 33 e 64 apresentaram tempo de clearence menor nos homens circuncisados.
Conclusão
A presença de circuncisão não foi associada com diminuição da incidência ou do clearance da infecção por HPV em homens, exceto em alguns tipos específicos.