O câncer do colo do útero ainda é um grande desafio de saúde pública no Brasil e no mundo. Apesar da disponibilidade do exame de Papanicolau, a adesão ainda é insuficiente, levando a diagnósticos tardios e maior mortalidade.
A autocoleta de material cervicovaginal para teste de HPV de alto risco oncogênico desponta como uma alternativa inovadora e promissora.
Evidências científicas
- A sensibilidade da autocoleta para detecção de HPV de alto risco é semelhante à coleta realizada por profissional de saúde.
- Há discreta redução na especificidade, mas sem impacto clínico relevante.
- A aceitabilidade é muito alta, especialmente em mulheres que nunca participaram do rastreamento.
- Estudos mostram que o envio de kits para uso domiciliar aumenta significativamente a adesão.
As Diretrizes Brasileiras de 2025 l atualizaram suas Diretrizes de Rastreamento do Câncer do Colo do Útero, incorporando o teste primário de DNA-HPV no SUS.
A autocoleta foi oficialmente reconhecida como ferramenta complementar, indicada principalmente para mulheres com barreiras de acesso ou resistência ao exame tradicional.
Implicações para a prática médica
A autocoleta não substitui a consulta ginecológica, mas amplia a cobertura de rastreamento. O papel do ginecologista é essencial para:
- Orientar as pacientes sobre a técnica, seus benefícios e limitações.
- Garantir seguimento adequado dos casos positivos (colposcopia, citologia, exames complementares).
- Integrar a autocoleta em fluxos organizados de rastreamento, assegurando qualidade diagnóstica.
Principais vantagens
- Maior aceitação pelas pacientes.
- Simplicidade do procedimento (inclusive em domicílio).
- Potencial para aumentar a cobertura de rastreamento e reduzir mortalidade.
Pontos de atenção
- Resultados positivos exigem investigação adicional.
- A consulta ginecológica segue indispensável para cuidado integral.
- A implementação deve ocorrer em programas organizados, com protocolos bem definidos.
Conclusão
A autocoleta representa um marco no rastreamento do câncer do colo do útero. Ao facilitar o acesso e ampliar a adesão, aproxima o Brasil das metas globais da OMS e reforça o papel estratégico do ginecologista como protagonista na prevenção.
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Dra. Gianna Roselli Venâncio é Mestre em Ciências da Saúde pela Faculdade de Medicina do ABC. Doutoranda em Ciências da Saúde pela Faculdade de Medicina do ABC. Professora afiliada do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina do ABC. Currículo Lattes: https://lattes.cnpq.br/8050940121533258.

